Layout do blog

Primeiro dia: processo de alfandega e entrada de veículos na Bolívia

Bruno F. Silva • 22 de janeiro de 2020

Primeiro dia de nossa expedição: deslocamento pelo Mato Grosso e entrada com veículo na Bolívia pela fronteira de Corumbá.

Primeiro dia da nossa expedição: saímos logo cedo de Araraquara, nossa base de partida devido a meus pais que moram lá e onde embarcaram outros membros da expedição. Pontualmente as 23h00 da noite do dia 02/02/2019 estávamos rodando com destino a Mato Grosso do Sul. O plano inicial era parar em Campo Grande, mas como foi um dia de deslocamento, esticamos até Corumbá divisa com a Bolívia, onde chegamos por volta das 14h00 após cruzar o pantanal.

Corumbá é uma cidade simpática e quente. Ficamos hospedados em uma pousada boa com uma proprietária ruim, mas como foi apenas uma noite, não fez diferença. A cidade possui vários locais de hospedagem e isto não é uma preocupação lá.

No dia seguinte começou a saga da fronteira que pretendo detalhar um pouco mais.

Quando começamos a pesquisar sobre a entrada com carro na Bolívia encontramos várias informações desencontradas, inclusive em grupos de whatsapp teoricamente especializados. Estas informações diziam sobre apreensão de veículos, problemas com abastecimento, propinas etc e os passo a passo do que fazer não eram claros. Basicamente 90% por cento das pessoas colocavam medo. Com tudo isto, após muito pesquisar, encontramos a maneira que achávamos correto e felizmente tudo deu certo inclusive com um teste prático nas primeiras horas. 

Segue abaixo o procedimento que adotamos para entrar com nossos carros na Bolívia. É importante seguir etapa por etapa porque elas se relacionam:

1 - Saída no Posto da Policia Federal no Brasil:

A primeira coisa a ser feito é a saída do Brasil no posto da Policia Federal na fronteira. Se estiver com passaporte fica mais fácil pois é só um carimbo. Caso esteja com o RG é necessário preencher um formulário. Chegamos por volta das 09h00 e a fila estava relativamente demorada (aprox. 2 horas). Para as próximas vezes, pretendo chegar logo cedo antes do posto abrir.

A saída no Posto da Policia Federal é a unica atividade que você precisa fazer no Brasil. Nenhum documento ou inspeção no veículo é necessária. A Bolívia está apenas a alguns metros atravessando uma pequena ponte. Para entrada na cidade boliviana é necessário pagar uma taxa de R$ 2,00. Caso precise voltar, esta taxa é diária, basta apenas apresentar o recibo. Não há controle nenhum dos veículos, desta forma, você pode entrar e sair sem passar por nenhum dos processos de imigração o que gera vários problemas mencionados em vários lugares.

2 - Entrada na Bolívia através Posto de Imigração: 


Você precisa da saída do Brasil para fazer a entrada na Bolívia e depois você precisará da entrada na Bolívia para fazer os tramites alfandegários. Para fazer isto, após passar a ponte, procure o lado esquerdo do posto de fronteira (para quem entra no pais). Ai a fila é menor e o procedimento dura apenas alguns minutos. A tentação de seguir as pessoas que entram e sai normalmente é grande, mas lembre-se que você está com seu carro.


3 - Processo alfandegário para entrar com veículo na Bolívia: 


Após dar entrada na migração procure uma das casas de câmbio que ficam do lado esquerdo da rua em Puerto Quijaro a 100 metros do posto de imigração. Você vai precisar da ajuda de uma delas para além do câmbio, preencher no sistema deles (web) os dados para o processo de alfandega. Além do formulário serão necessárias cópias do passaporte ou RG, carimbo de entrada e documento do veículo. O pessoal entrega tudo certinho a um preço de mais ou menos R$ 25,00. Sugiro acompanhar de perto.

Após obter o formulário e as cópias, dirija-se até o prédio da Aduana Nacional que encontra-se do outro lado da rua. Lá será necessário preencher um novo formulário manualmente e aguardar o processo por parte dos funcionários. Ao final, eles te entregarão a Declaración Jurada Ingreso y Salida de Vehículos de Turismo. Importante lembrar que a Aduana fecha das 11 as 14hrs.

4 - Obtenção de "Orden de Direcion" para transitar na Bolívia: 


Este é um passo que muitas pessoas deixam de fazer e ficam expostas as fiscalizações e a boa vontade dos agentes bolivianos. Após fazer sua entrada na aduana é necessário que seja obtido uma ordem de direção, uma espécie de permissão para dirigir, na delegacia de transito da cidade seguinte, Porto Suárez. Esta informação nem sempre é passada pelos agentes aduaneiros e dificilmente é encontrada nas informações disponíveis na web.


Abaixo está um mapa com a localização aproximada da delegacia de transito em Porto Suárez. Basta entrar pela rua principal e ir olhando a sua esquerda, próximo a uma praça. Na ordem é necessário que conste as regiões que você vai dirigir. O guarda nos cobrou cerca de 100 bolivianos para emitir este documento, não sei se é um preço padrão ou foi uma espécie de propina. Parágrafo Novo

Ocorre que muita gente não executa estas etapas e tem problemas depois. No nosso caso, minutos após sair da delegacia, tomando a rodovia com destino a Sta Cruz de La Sierra nosso amigo foi parado em uma blitz. Os policiais pediram os documentos de entrada no país e a ordem de direção. Como estava 100% correto liberam o veículo imediatamente após cerca de 2 minutos. Enquanto eu aguardava um pouco mais a frente, um veiculo com um brasileiro que mora na Bolívia parou para prestar ajuda se necessário, muito preocupado que não tínhamos os documentos. Felizmente tudo estava ok! São várias as informações de casos de apreensão de veículos devido a documentação.


Em resumo, não é um processo tão complicado de ser executado. Basta seguir as etapas. É necessário que seja feito durante o dia. Caso não obtenha os documentos devido ao horário, volte para Corumbá e aguarde o dia seguinte.



Como veremos mais adiante, não tivemos nenhum problema com fiscalização ou abastecimento na Bolívia. 


Recomendo fortemente entrar no país com toda a documentação necessária, de acordo com a lei local.

No próximo post falarei sobre o caminho entre a fronteira e Sta. Cruz de La Sierra.


Abçs.

Por Bruno F. Silva 21 de janeiro de 2020
De Mitsubishi Pajero TR4 em expedição pela América do Sul... A Mitsubishi Pajero TR4 é uma derivada da Mitsubishi Pajero Pinin que é um SUV 4x4 de porte pequeno-médio, produzido pela Mitsubishi Motors desde 15 de junho de 1998, na carroceria de três portas, e a partir de 24 de agosto de 1998 como uma carroceria de cinco portas. "Pinin" é um nome derivado do italiano "Para mim". Foi exportado como Montero iO para países de língua espanhola, e para a Europa como Pajero Pinin, Shogun Pinin ou simplesmente Pinin. O modelo foi desenhado pela Pininfarina, um famoso escritório italiano. A Mitsubishi também fabricou o carro em uma fábrica perto de Turim, Itália. N o Brasil foi fabricada como Pajero TR4 a partir de 2002 sob licença. A TR4 é desde julho de 2007 o primeiro SUV 4x4 com motor flex, rodando com gasolina, álcool ou uma combinação dos dois. Em 2010 sofreu uma reestilização no Brasil mas ainda herda a base do modelo original. Entrei neste lance de TR4 quando botei na cabeça que precisava comprar um jipinho. Isto ocorreu após ficar hospedado em Cunha SP e precisar descer duas vezes a antiga Estrada Real (hoje pavimentada) até Paraty RJ com um Peugeot 207. Estas duas vezes foram no mesmo final de semana. Este tipo de carro te dá uma liberdade fantástica sem abrir mão de um minimo de conforto. Desde que estou com ele posso tranquilamente dizer que as diversões são muito maiores e o estou 100% satisfeito. Com ela desbravei vários lugares e conheci uma nova paixão: os ralis. O caveirão é usado a mil e nunca me deixou na mão. A TR4 é extramente confiável. Além disto, não posso reclamar das manutenções que muito se assemelham a um carro comum e quanto ao consumo: nada absurdo (vamos falar disto mais adiante).
Por Bruno F. Silva 20 de janeiro de 2020
O convite partiu do meu grande amigo Kaleo: conhecer o Salar de Uyni na Bolívia. Como na mesma época estava interessado em fazer alguma viagem do tipo prontamente aceitei. Nas semanas seguintes tivemos várias conversas sobre qual seria o melhor roteiro. A ideia inicial foi viajar de avião até Sta. Cruz de La Sierra e lá alugar duas caminhonetes e partir para o salar. Chegamos a realizar cotações mas o desejo de mais aventura logo falou mais alto: porque não ir com nossas Pajeros TR4s? O consenso de dirigir até lá e entrar de carro na Bolívia imperou rapidamente. Os dias seguintes foram tomados por discussões sobre o roteiro e logo começaram as preocupações sobre as diversas histórias que falavam sobre os riscos de dirigir seu carro próprio na Bolívia. Tratarei em detalhes isto mais adiante. No final, acabamos fechando um roteiro circular de acordo com os dias que teríamos disponíveis: apenas 12. Este roteiro circular nos permitiu ganhar tempo e visitar além o Salar de Uyni o deserto do Atacama dentro deste período, ir e voltar pelo mesmo caminho não nos permitiria isto. Dentro do roteiro os primeiros dois e os últimos dois dias seriam basicamente deslocamento enquanto que passaríamos duas noites em Uyuni e duas no Atacama.
Share by: